Ouvir Luca Argel, cantautor carioca, radicado em Portugal há quase 10 anos, é viajar na centenária história do samba, marcado por muita luta, glória e desventuras. Depois de dois discos mais suaves, “Bandeira” e “Conversa de Fila”, onde Luca Argel nos apresentou com doçura e bom humor a poesia dos seus sambas, é chegada a hora de embarcar numa nova viagem. “Samba de Guerrilha” não se assume apenas como um disco, mas também como uma obra que reúne múltiplas expressões artísticas em si: da música de Luca Argel à narração de Telma Tvon, da ilustração de José Feitor à poesia de tantos artistas. É uma samba ópera, conceito emprestado do rock opera popularizado por Pete Townshend (The Who). “Samba de Guerrilha” nasceu como um concerto-workshop sobre a história política do samba. Fora dos palcos, este conceito desenvolvido por Luca Argel tomou a forma de artigos escritos, seminários, programas de rádio, até finalmente se efetivar no quarto álbum do cantautor — e o primeiro de versões. “Samba de Guerrilha” é uma viagem no tempo, onde conhecemos histórias e personagens do combate ao racismo, à escravidão e às desigualdades. Ouvimos a narrativa em forma de samba, mas um samba que, desta vez, está permanentemente a testar os limites das suas possibilidades musicais, um samba reinventado, eletrificado, nascido a um oceano de distância da tradição. E que pode ser ouvido na Sala Tejo do NOSSA LISBOA, dia 10 de setembro.